Tiago, homem de mente lógica e de espírito prático, toca,
sem subterfúgios, o ponto do problema e aponta o sério risco de se viver uma
religião descomprometida, mística, etérea, teórica, descontextualizada, sem
praticidade e sem pertinência histórica. Tiago diz que não basta o ritual
bonito, a liturgia pomposa, a exterioridade irretocável. É preciso celebrar a
liturgia da vida. Para tanto, ele coloca o prumo de Deus em nós e
questiona-nos: Somos verdadeiros religiosos ou não?Como saber se somos? Vamos
analisar o que Tiago diz no primeiro capítulo de sua epístola:
O verdadeiro religioso controla a sua língua (v26). Não
refrear a língua é um dos pecados mais graves. Ele traz terríveis danos. A
língua desgovernada é como um navio sem leme que pode se espatifar nas rochas e
naufragar. É semelhante a uma fagulha que incendeia e destrói toda uma floresta.
A maledicência, a palavra irrefletida, a conversa torpe, a mentira leviana, as
acusações maldosas, as orquestrações urdidas nas caladas da noite para destruir
a dignidade das pessoas são provas incontestáveis do grande poder destruidor da
língua.
Se a língua é peçonhenta, má, afiada, ferina, suja e
descaridosa, a religião então é oca, vazia, nula. Não podemos glorificar a Deus
com a nossa língua e ao mesmo tempo destruir a vida do nosso próximo com ela. A
língua não pode ser uma fonte ao mesmo tempo amarga e doce; um canal de vida e
também um instrumento de morte. A Bíblia diz que a boca fala daquilo que o
coração está cheio. A língua funciona como aferidora dele. Ela é como uma
radiografia que revela o que está em nosso interior. Não há coração puro se a
língua é impura. Não há língua santa se o coração é um poço de sujeira. Não há
cristianismo verdadeiro sem santidade da língua.
* H.D.L
* H.D.L