quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Viver na verdade é viver na luz, é viver sem máscaras!


Reflexão.

As máscaras não são uma exclusividade do carnaval. Elas estão presentes em nossa indumentária cotidiana. Há de todos os tipos, formas e tamanhos. Existem aquelas com qualidade especial: transparência apenas de um lado – o mascarado pode ver a todos, mas estes não podem vê-lo. Há outras que oferecem ao usuário a aparência de quem viu o Senhor. Há máscaras de “fim de série de conferências”, com um toque de aparência de “monte”, que parece nunca falhar. Na verdade, todos nós usamos máscaras. Elas fazem parte da nossa roupagem. Quem diz que nunca as usou, está acabando de afivelar uma no seu rosto: a máscara da mentira. Por que usamos máscaras? Porque nós temos medo de que nos identifiquem. Se pensarmos que nunca usamos máscaras ou não as temos em nosso armário, acabamos de colocar uma pesada máscara de mentira em nosso rosto.

Muitas vezes, nos amam unicamente pelo que aparentamos. Amam nossa máscara, não nossa personalidade. Mui frequentemente colocamos uma máscara que é uma fachada de amabilidade e então, somos amados pelo que projetamos. Mas lá dentro, atrás da máscara, reside nosso verdadeiro “eu”. Fazemos da vida um teatro e, no palco dos relacionamentos, colocamos nossas máscaras preferidas para representar o papel que mais agradem. Na verdade, nós mesmos chegamos a admirar a beleza de algumas máscaras que usamos.

Quando o profeta Samuel foi à casa de Jessé para ungir um rei sobre Israel, logo ele viu Eliabe, o filho primogênito, e ficou impressionado pelo seu porte, altura, beleza e boa aparência. Samuel disse consigo: “certamente está perante o Senhor o seu ungido (1 Sm 16.6). Mas, Deus lhe repreendeu, dizendo: “Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei, porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém, o Senhor, o coração (1Sm 16.7). A máscara que Eliabe usava era muito bonita, dava-lhe uma boa aparência, mas por dentro ele era um fracasso. Era um homem covarde, mesquinho e medroso. Mais tarde, quando os exércitos de Israel estavam enfrentando o exército filisteu, Eliabe fazia coro com os medrosos soldados de Israel, fugindo das ameaças do gigante Golias. Se isso não bastasse, Eliabe revela sua inveja de Davi, tecendo-lhe duras críticas quando este se dispôs a lutar contra o gigante insolente (1 Sm 17.28-30).

Usar máscaras pode nos livrar de censuras, mas não é uma atitude segura. Não podemos afivelar com segurança as máscaras o tempo todo. Nem sempre elas ficam bem ajustadas: podem cair e cair nas horas mais impróprias. Quando a máscara de Eliabe caiu, todos conheceram que ele era mesquinho, invejoso e covarde.

Máscara é tudo aquilo que esconde a verdadeira identidade. Tentamos vender uma imagem positiva. Fazemos propaganda enganosa. Burlamos o princípio da integridade. Sacrificamos a verdade e alçamos a voz para gritar e proclamar não o que somos, mas aparentamos ser. Vestimo-nos com peles de ovelha, enquanto bate em nosso peito um coração de lobo. A máscara da piedade é um embuste, uma farsa, um engodo, uma trombeta com sonido incerto, com mensagem falsa, emitida por falso arauto.

A máscara da piedade conspira contra o caráter santo de Deus. O falso piedoso mente para Deus, para si e para os outros. Tenta enganar e impressionar com uma espiritualidade que não tem. Vende um produto que não possui. Sua aparência é de anjo, mas seu coração é de demônio. Sua cara é de santo, mas sua vida é de um ímpio. William Gurnall disse que a piedade é filha da verdade e precisa ser alimentada com leite de sua mãe e nenhum outro. Por isso, a prática da piedade é a própria vida.

A máscara da piedade atenta contra a santidade de Deus. Quem a usa pensa que pode enganar a Deus. Quem a coloca no rosto, tenta mentir para o próprio Deus e impressioná-lo com virtudes que não possui. O apóstolo João afirma que aquele que disser que não tem pecado não apenas mente para Deus, mas faz de deus mentiroso (1Jo 1.10).

A máscara da piedade atenta contra a verdade de Deus. Falar uma coisa e viver outra é mais consumada hipocrisia. Isso é mentira em grau superlativo. Viver uma mentira em nome da verdade é uma blasfêmia; é conspirar contra a Palavra de Deus que é luz. A mentira e a farsa são filhas das trevas. A luz da falsa piedade é uma luz falsa, uma ilusão de ótica, um engano consumado.

A máscara da piedade atenta contra o próximo. Traímos o próximo quando apontamos um caminho pelo qual não andamos. Faseamos a verdade ao proclamarmos uma mensagem que nós mesmos não abraçamos. Ferimos o próximo quando condenamos nos outros um pecado que nós mesmos cometemos. Somos desonestos quando projetamos nos outros nossos erros. Tornamo-nos falsos quando condenamos nos outros o que nós mesmos fazemos. Os falsos piedosos são os mestres do pecado. Seus pecados são mais hipócritas e mais pérfidos. Mais hipócritas porque pecam contra um maior conhecimento, e mais pérfidos porque praticam em segredo aquilo que condenam em público. Eles engajam-se contra o pecado em público e o praticam às escondidas. E ficam escandalizados quando a máscara cai.

A máscara da piedade atenta contra o caráter cristão. Como uma pessoa pode promover o testemunho cristão vivendo uma mentira? Como pode inspirar a devoção com um engano? Encorajar a andar com Deus e viver em santidade, vivendo na impiedade? O falso piedoso esconde o seu orgulho e a sua soberba atrás de grossas máscaras. Sente necessidade compulsiva de ser reconhecido, elogiado e aceito. Depende de elogios e não tolera críticas. Precisa estar sempre no centro do palco, sob as luzes multicores dos holofotes. Busca mais a aprovação dos homens do que o agrado de deus. Está mais preocupado com a propaganda falsa da sua imagem do que com a glória de Deus. A máscara da piedade é fogo estranho diante de deus. É atraente, mas falso. Tem cor, mas não tem calor. Tem aparência, mas não realidade.



Livro: Removendo máscaras.

Um comentário:

  1. Muitos cristãos querem que as pessoas pensem coisas boas a seu respeito e demonstram ser santos, por fora, mas a alma está cheia de engano, mentira e pecado. Foi o que Jesus afirmou sobre os líderes religiosos de sua época: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia” (Mt 23.37).
    Está escrito: “Nada há encoberto que não haja de ser descoberto nem oculto, que não haja de ser sabido”(Lc 12:2). Isso significa que nada que é escondido pelas máscaras[hipocrisias] ficará encoberto. Pode demorar um tempo, mas tudo virá à luz. Não é possível enganar a todos o tempo todo. Cedo ou tarde a verdade aparece, desmoralizando a religiosidade que esconde uma vida vazia e corrupta atrás das máscaras.
    O verdadeiro ser interior é a expressão mais exata de uma pessoas sem máscaras [hipocrisias], fingimentos ou aparências.
    Um abraço, irmão Junior!

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